Retirada das trompas de Falópio pode prevenir câncer de ovário



Pesquisadores canadenses acreditam que a retirada das trompas de Falópio reduziria em 30% as mortes causadas pelo câncer de ovário, segundo um comunicado apresentado esta semana em Vancouver.

Algumas mulheres são portadoras da mutação do gene BRCA, que pode causar o desenvolvimento de cânceres de mama, de útero e de ovário. Para prevenir a doença, elas são submetidas a uma histerectomia total (útero, ovários, trompas).

"Estudando os órgãos dessas mulheres, nos demos conta de que os primeiros sinais do câncer não surgem nos ovários, mas sim nas trompas de Falópio", explica à AFP a doutora Sarah Finlayson, do programa de pesquisas realizado pelo Hospital Geral de Vancouver e pela agência de combate ao câncer da província canadense da Colúmbia Britânica (oeste).


Enfermeira administra medicamentos para uma paciente antes de
uma sessão de quimioterapia.



As trompas das mulheres que não têm esta predisposição genética mostravam a mesma coisa, indicando que o câncer epitelial do ovário, a forma mais comum e mortal da doença, é de fato um câncer de trompas de Falópio.

Este câncer afeta uma mulher em 70 no Canadá e a taxa de sobrevivência em 5 anos é apenas de 37%. Por isso, mesmo tratado uma vez, o câncer reaparece. Além disso, "os sintomas são muito difusos, o que faz com que as mulheres sejam diagnosticadas muito tarde, quando o câncer já está avançado", ressalta a gineco-oncologista canadense.

A histerectomia e a ligadura de trompas são cirurgias muito comuns. A primeira é utilizada para tratar as mulheres que sofrem com menstruações muito dolorosas, de endometriose ou de fibrose. A segunda permite uma contracepção definitiva.

"Em qualquer caso, nós dizemos: não deixem as trompas de Falópio, é lá que o câncer se desenvolve", conclui a cientista, que espera que esta descoberta gere uma mudança das práticas ginecológicas no Canadá e no mundo.

Os pesquisadores também descobriram que em um caso em cinco, o câncer é provocado por uma mutação do gene BRCA. "Isso significa que em 20% dos casos, nós descobrimos a primeira portadora do +gene do câncer+ de uma linhagem", explica o doutor Blake Gilks, patologista que participa do mesmo programa de pesquisas.

Uma mulher pode muito bem não ter antecedente algum de câncer de ovário em sua família, "mas sabemos agora que suas filhas e as filhas de suas filhas serão portadoras desse gene. Poderemos examiná-las e agir com mais rapidez, antes que o câncer se espalhe", conclui.

A ablação das trompas de Falópio poderá reduzir em 30% as mortes causadas pelo câncer de ovário; e o acompanhamento das famílias portadoras do gene BRCA, em 20% ou mais, nos vinte anos seguintes, segundo os cientistas.

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