Mulheres que tentam Engravidar

Patricia Pontes



Esperança em engravidar
Atualmente existem alternativas seguras para
Mulheres que desejam engravidar e não conseguem.



A congelação de ovócitos é uma das possibilidades para mulheres que padecem de doenças graves ou que se submetem a tratamentos de radioterapia. É possível ainda recorrer à doação de ovócitos, gentilmente conseguida através de jovens mães, em idade fértil, que querem ajudar casais com dificuldades em conceber. O Prof. Cândido Tomás ajuda-a a entender melhor ambos os procedimentos.

“A congelação de ovócitos significa conservar no frio, quer tecido ovárico, quer ovócitos em si (células progenitoras femininas) em mulheres que não podem neste momento engravidar e querem salvaguardar essa oportunidade para o futuro”, define o Professor Cândido Tomás, diretor clínico do Centro de Fertilidade AVA Clinic. Esta congelação também pode ser feita com o objectivo de acumular ovócitos num banco para os fertilizar posteriormente.

“A intenção de congelar ovócitos ou tecido ovárico (de onde se possa mais tarde obter ovócitos), é a de recuperar estas células posteriormente, fertilizá-las e tentar criar embriões. Após a transferência para o útero, poderá originar uma gravidez”, acrescenta Cândido Tomás. Para que isto aconteça, o tecido ovárico tem de ser colocado novamente no organismo da mulher, sofrer um amadurecimento dos ovócitos através de administração de hormonas para posteriormente serem fertilizados.

“Se se congelarem ovócitos já maduros, então só têm de ser descongelados e fertilizados. Mas para os amadurecer antes de congelar, a mulher terá de fazer um tratamento hormonal. Se o motivo para o congelamento de ovócitos é uma doença cancerosa, as mulheres nem sempre têm tempo de fazer este tratamento e acabam por congelar tecido ovárico, que tem de ser obtido
durante uma cirurgia”, diz-nos o diretor clínico da AVA Clinic.

Vantagens deste procedimento

Esta técnica é usada em situações de grande gravidade. “Embora se continue a criopreservar tecido ovárico, as técnicas que temos ao nosso dispor para obter embriões destes ovócitos são ainda muito pouco eficientes. Isso leva a que, a maior parte das vezes, não se consigam fazer desenvolver os ovócitos após descongelamento”, adianta Cândido Tomás.

Segundo o especialista, é sempre preferível congelar os embriões, resultados da fertilização de ovócitos com espermatozóides pois estes têm maior possibilidade de sobrevivência e de originar uma gravidez. “Isto seria o ideal mas nem sempre é possível pois algumas mulheres têm necessidade de conservar os ovócitos rapidamente, como por exemplo, antes de serem submetidas a cirurgias que conduzam à remoção dos ovários.

''Se as mulheres tiverem de realizar tratamentos citostáticos ou de radioterapia, há uma destruição da função dos ovários, o que pode conduzir à necessidade de criopreservar com brevidade”, adianta Cândido Tomás. Neste momento, a AVA Clinic só efectua congelação de ovócitos em mulheres que vão ser sujeitas a cirurgias ou que fazem tratamentos que podem destruir os ovários ou a sua função.

“O congelamento de ovócitos e posterior descongelação para fertilização tem um sucesso da ordem dos 10-15%. É por isso que se tenta optar antes pela transferência de embriões a fresco. Os embriões também podem ser congelados e estes têm uma taxa de sucesso boa, na ordem dos 35%”, adianta Cândido Tomás.

O futuro?

Quando as técnicas se desenvolverem melhor, será possível para as mulheres jovens que ainda não pretendam engravidar, guardarem os seus ovócitos novos e de boa qualidade, congelarem e usar numa fase da vida posterior, quando os seus ovários já só têm ovócitos velhos. Para o diretor clínico da AVA Clinic, “ao descongelar os ovócitos da sua juventude, estes são mais saudáveis e têm mais possibilidades de originar uma criança saudável”.

O grande problema é que esta técnica ainda não se pratica com regularidade no nosso País. “Se esta técnica fosse extremamente eficaz, a mulher poderia controlar a sua fertilidade de um modo muito mais eficiente do que acontece agora. Na atualidade, as mulheres jovens e com bons ovócitos tomam a pílula para não engravidar e vão perdendo os seus melhores ovócitos. Mais tarde, quando querem engravidar, deixam de tomar a pílula e os ovócitos produzidos numa idade mais adulta são menos e de menor qualidade…”

Mulheres dadoras de ovócitos

Normalmente, são mulheres jovens abaixo dos 35 anos, saudáveis e com muita vontade de ajudar casais inférteis. “Estas jovens fazem um tratamento de fertilização in vitro que leva ao amadurecimento dos ovócitos. Estes são depois recolhidos dos ovários e são fertilizados com os espermatozóides do casal receptor”, explica Cândido Tomás. Neste caso, não há necessidade de congelar ovócitos.

Muitas das dadoras, ainda não são mães, não têm família formada mas resolvem assim ajudar casais que, por vários motivos, não conseguem ter filhos. “Embora se pense que as dadoras de ovócitos fazem esse tratamento essencialmente por causa do reembolso que recebem, isso não é verdade. Todas elas manifestam uma vontade genuína de ajudar e por isso, as conversas com a psicóloga e com os médicos são muito importantes para entender as suas motivações.

Muitas mulheres conhecem casais inférteis e são sensíveis a essa problemática. Outras têm os seus próprios filhos e sabem das alegrias que eles dão, sendo por isso também muito sensibilizadas para com as famílias que não conseguem engravidar”, explica o diretor clínico da AVA Clinic. A AVA Clinic

Este procedimento é sempre o último recurso quando se fala de infertilidade. Todos os casais tentam ter um filho com os seus espermatozóides e ovócitos, mas nem sempre é possível. “De todos os casais, os que não conseguem conceber pertencem a uma percentagem de 5 a 10%”. A taxa de sucesso deste tratamento ronda os 55%.

Situações que originam a possibilidade de recorrer à doação de ovócitos

- Mulheres a partir dos 43 anos com poucas possibilidades de engravidar.

- Casais que já efectuaram vários tratamentos sem obter sucesso, ou se os ovários deixaram de funcionar, independentemente da idade da mulher.

- Mulheres que têm uma menopausa precoce (por exemplo, 30 anos). Elas necessitam de doação de ovócitos de outra mulher para conseguirem engravidar.

- Mulheres com doenças genéticas que podem ser transmitidas aos seus filhos.

- Mulheres que não têm ovários desde a nascença, que foram removidos cirurgicamente ou que não funcionam normalmente.

Fatos importantes

- A partir dos 35, 36 anos, começa a ser cada vez mais difícil engravidar. - Se um casal passa um ano a tentar engravidar, deve consultar o ginecologista ou um especialista de infertilidade para saber se há algum problema. É necessário investigar a mulher e o homem.

- Todas as mulheres jovens que ainda não querem ser mães e tem menos de 35 anos podem candidatar-se a ser dadoras de ovócitos. É uma experiência maravilhosa e, ao mesmo tempo, um teste à fertilidade da mulher que agora ainda não deseja engravidar.

- Se não houver menstruação ou houver outros problemas, a mulher deve recorrer ao médico muito mais cedo para despistar problemas ligados à fertilidade.

-Tentar engravidar mais cedo ou fazer os tratamentos de infertilidade precocemente é o passo mais importante para conseguir vir a constituir uma família com crianças saudáveis.

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