Bebês Anencéfalos: O Drama na vida dos Pais

MARIA HELENA FIGUEREDO
do PUC, em São Paulo, (SP)

E Quando o diagnóstico é, Anencefalia, após o diagnóstico se inicia um drama na vida dos pais, que esperavam ter uma gestação normal, porém são surpreendidos com essa noticia, a viverem esse drama na vida. A Anencefalia é uma má-formação congênita que atinge um a cada mil bebês. Anencefalia significa 'Sem Cérebro', já que o bebê anencéfalo não possui partes do cérebro, porém o tronco cerebral esta presente. De acordo com especialistas, bebês anencéfalos podem sobreviver algumas horas, ou alguns dias.

Os especialistas orientam os pais a fazer a interrupção, ou seja, o aborto, para evitar maiores sofrimentos. Em Abril de 2012, o Supremo Tribunal de Justiça legalizou o aborto de bebês anencéfalos. A decisão é dos pais, de prosseguir, ou não com a gestação, tanto a mãe quanto ao bebê tem os mesmos direitos a assistência como em qualquer outra gestação.


A bebê anencéfala, Maria Teresa, e sua mãe, Ana Cecília Araújo Nunes.

Muitas famílias resolveram prosseguir com a gestação, em Fortaleza, no Ceará, a bebê Maria Teresa nasceu no dia 17/12/2000, e faleceu no dia 29//03/2001, ou seja, a bebê sobreviveu quatro meses. Em São Paulo, a bebê anencéfala, Marcela de Jesus Ferreira, conseguiu sobreviver 1 ano e oito meses, um recorde de sobrevivência. "Desde que eu fiquei sabendo que ela ia nascer com problema, eu a entreguei nos braços de Jesus, pedindo a Ele que ela seja um instrumento nas mãos dele para que Ele a use da maneira que for da vontade dele.", afirma Cacilda Galante Ferreira.


Nos braços da mãe, Marcela consegue sorrir.

A Família lembra que Marcela reconhecia os toques da mãe. A Família conta que Marcela tinha reações normais, a criança se assustava com barulhos de objetos caindo, reagia as fortes luzes, gritava de dor quando sentia cólica, ficava triste, fazia beiço. A Família lembra que a criança quando não gostava de algo ela cospia fora. Marcela reconhecia a voz da mãe. 

Marcela foi uma criança normal, a bebê sorria, dava gargalhadas quando a mãe lhe fazia cócegas. Após um ano oito meses e doze dias de vida, Marcela faleceu. "Deus quis a pedra, a jóia, que eu estava lapidando com muito carinho e veio buscá-la; chegou a hora dela mesmo, e foi de repente.", afirma a mãe, Cacilda Galante. "A Marcela é um exemplo de amor de uma mãe que sempre quis tê-la, de seguir o que o coração manda, e a Cacilda teve muita dignidade nisso.", disse a médica pediatra, Márcia Beani Barcellos.


O Caso da Marcela

Segundo a pediatra, Márcia Beani Barcellos, Marcela não tinha anencefalia 'clássica', e disse que a criança tinha um outro tipo de anencefalia. "Ela é um bebê sem encéfalo, essa região do cérebro dela está preenchida por líquido, mas não é um exemplo da anencefalia descrita na literatura médica porque ela, de alguma maneira, interagia com a mãe, seu tronco cerebral realiza funções. Um caso clássico da má-formação não teria sobrevivido por tanto tempo ou estaria vegetando, o que não é o caso de Marcela.", afirma a pediatra.

"Nos casos clássicos, o bebê nasce com estruturas do cérebro expostas, sem membrana, nada, o que impede que sobreviva. O diagnóstico foi uma atitude política, que não visou à informação adequada, mas atender a interesses da Igreja de dizer que é possível que um anencéfalo sobreviva e que não se deve fazer aborto.", afirma o coordenador do Programa de Medicina Fetal e Imunologia da Reprodução da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ricardo Barini.

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