Cirurgia Estética que não vai bem

Paula Nogueira



Em 2009, o Brasil acompanhou a triste história de Regiane Aparecida Bauer Lopes,
de 27 anos, que foi morta após realizar uma cirurgia estética.



A Lipoaspiração é uma cirurgia que acostuma a dar bons resultados, Mais nem sempre é assim, No dia 6 de Junho de 2009, Regiane Aparecida Bauer Lopes, de 27 anos, passou mais de dois anos juntando dinheiro para realizar um sonho: fazer uma série de plásticas. Planejou eliminar primeiro as gordurinhas do abdome e das costas. Mais tarde, colocaria próteses de silicone no bumbum e nos seios. Regiane pagou o preço do corpo perfeito com a própria vida. Ela morreu no último dia de janeiro, durante uma lipoaspiração no Hospital e Maternidade Máster Clin, na capital paulista. De acordo com Paulo Sanches, porta-voz da clínica, a recepcionista não resistiu a uma parada cardiorrespiratória. Desde a semana passada, a polícia e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo investigam as razões da tragédia.

A fixação de Regiane pela imagem reproduz o sentimento de muitos brasileiros. Mulheres e homens. Mais de 750 mil cirurgias plásticas são realizadas no país a cada ano. Algumas clínicas oferecem as operações como se fossem simples procedimentos cosméticos. Pacientes ignoram ou menosprezam os perigos. “Ainda que todas as precauções necessárias sejam tomadas, não existe risco zero numa cirurgia”, afirma o médico José Yoshikazu Tariki, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Escolher uma clínica séria e médicos experientes reduz os riscos. Mas não os elimina. Em 2004, ao estudar 400 mil cirurgias plásticas feitas nos Estados Unidos, a Sociedade Americana dos Cirurgiões Plásticos descobriu que em 0,34% houve sérias complicações (1 a cada 298 operações) e que em 0,0019% os pacientes morreram (1 óbito a cada 51.459 cirurgias). Um novo estudo, de outubro de 2007, apresentou números semelhantes.
Não há estatísticas sobre o assunto no Brasil. Se a proporção for a mesma dos Estados Unidos, isso representaria 2.500 complicações sérias em cirurgias plásticas, de infecções a problemas cardíacos e respiratórios, e pelo menos uma dúzia de mortes por ano. “Como a maioria das pessoas operadas é jovem e aparentemente saudável, teoricamente o risco da cirurgia pode ser considerado baixo”, diz Tariki, da SBCP. “A morte de um paciente é sempre trágica e devastadora para todos os envolvidos, particularmente para a família do paciente e para a equipe médica”, afirma Richard D’Amico, ex-presidente da Sociedade Americana dos Cirurgiões Plásticos. “Mas não queremos amedrontar desnecessariamente as pessoas. Apesar de as mortes serem raras, a decisão de se submeter a uma plástica é séria”.

Em procedimentos cirúrgicos que envolvem anestesia ou sedação, mesmo naqueles realizados em locais aparentemente seguros e com profissionais considerados confiáveis, está embutido o risco de reações súbitas e graves. Mesmo quando é apresentada sob adjetivos atraentes como “smart” (esperta) ou “light” (leve), a lipoaspiração, cirurgia plástica mais procurada no Brasil, não é um procedimento simples. Como outras cirurgias, traz perigos nada desprezíveis: choque anafilático, infecções, necrose da pele, embolia pulmonar.

Os Riscos

Infecções

As infecções podem ocorrer em qualquer cirurgia, inclusive a lipoaspiração. Alguns médicos prescrevem antibiótico para os pacientes que passam por lipoaspiração, mas outros não. É importante manter o corte limpo, mas mesmo com esse cuidado infecções podem ocorrer depois da lipo. Algumas vezes as infecções podem ser sérias e representar perigo de vida, como em casos de fascite necrosante e síndrome do choque tóxico.

Embolia


A embolia pode ocorrer quando a gordura é solta e entra no sangue através de vasos sanguíneos rompidos durante a lipoaspiração. Pedaços de gordura podem ficar presos nos vasos sanguíneos, aglomerar nos pulmões, ou viajar até o cérebro. Os sinais de embolia pulmonar (coágulos de gordura nos pulmões) podem ser falta de fôlego ou dificuldade de respirar. Se você tiver sinais de embolia pulmonar gordurosa depois da lipoaspiração é importante procurar emergência médica imediatamente. A embolia pulmonar gordurosa pode causar incapacitação permanente e em alguns casos é fatal.

Perfurações das vísceras


Durante a lipoaspiração é possível perfurar ou danificar órgãos internos. Isso pode acontecer, por exemplo, quando o intestino é perfurado durante lipoaspiração abdominal. Quando órgãos são danificados, pode ser necessária cirurgia para repará-los. Perfurações viscerais também podem ser fatais.

Seroma


Depois da lipoaspiração pode ocorrer acúmulo de líquido claro proveniente do sangue em áreas onde o tecido foi removido.


Compressão dos nervos e alterações nas sensações


O paciente pode sofrer parestesia, que é alteração nas sensações no local da lipoaspiração. Essas alterações podem ser em forma de maior sensibilidade (dor) ou perda de qualquer sensibilidade na área. Se essas alterações persistirem por muito tempo (semanas ou meses) o paciente deve informar ao médico. Em alguns casos a parestesia pode ser permanente.

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