
Algumas vezes, o sinal de alarme vem sob a forma de uma inesperada mancha - amarelada e úmida - no fundo da calcinha. Noutras, além da umidade, uma coceira intensa, um odor forte e desagradável, ou uma sensação de ardência local alertam a mulher sobre a necessidade de procurar auxílio médico para esclarecer a causa e instituir o tratamento adequado para o problema.
O corrimento (aumento da secreção vaginal) é um dos motivos mais freqüentes de consulta ao ginecologista. Suas causas são variadas e, nem sempre, significam a instalação de uma doença.
No meio do ciclo menstrual, por exemplo, a vagina torna-se mais úmida, podendo dar saída a uma secreção mucóide (pegajosa) e transparente. Este fato, quando ocorre no 12º, 13º ou 14º dia do ciclo, é absolutamente normal, e apenas confirma a fertilidade da mulher nesse período. Nos dias que antecedem à menstruação, por influência dos hormônios ovarianos, também há – naturalmente – um aumento da secreção vaginal que se apresenta branca (como um mingau de maizena ralo) e sem odor.
O “corrimento/doença”, por sua vez, está geralmente associado às infecções genitais, algumas das quais são transmitidas sexualmente. Vírus, fungos, bactérias e protozoários estão entre os germes responsáveis pelas colpites (inflamações da vagina). Algumas dessas infecções, quando não diagnosticadas - e tratadas adequadamente -, podem prejudicar seriamente o funcionamento do aparelho reprodutivo (obstrução das tubas), tendo como última conseqüência a infertilidade. Entre as gestantes, essas infecções podem comprometer a saúde do feto, provocando a ruptura precoce da membrana amniótica - “bolsa das águas” – e precipitando o parto prematuro.
Na prática clínica, as principais causas de corrimento são a candidíase, a tricomoníase e a vaginose bacteriana. Em todas elas, o que chama a atenção das pacientes são os sintomas associados...
Candidíase
Tricomoníase
Vaginose bacteriana
A infecção por fungos do gênero Candida provoca uma coceira intensa e um corrimento semelhante ao leite talhado. Algumas circunstâncias como a diminuição das defesas imunológicas, o uso de medicamentos (corticóides, antibióticos, anticoncepcionais) e o diabetes descontrolado podem ser responsáveis pelo desencadeamento de um – ou vários - episódios de candidíase. O uso de roupas íntimas muito justas, confeccionadas em de tecidos sintéticos (nylon, lycra), que impedem a evaporação do suor, também está entre os fatores que facilitam a proliferação desse fungo. É importante lembrar que os fungos do gênero Candida nem sempre causam corrimento; 30% das mulheres sadias abrigam o fungo em suas vaginas, como parte da flora residente, sem que estes causem qualquer sintoma.
A coceira e a ardência vulvares também estão presentes na infecção pelo Trichomonas vaginalis, um protozoário transmitido sexualmente - portanto, uma DST - e que promove uma secreção branco/acinzentada, bolhosa e com odor muito desagradável. Neste caso, o tratamento do parceiro é obrigatório.
A vaginose bacteriana é causada por um desequilíbrio “ecológico” da flora vaginal, na qual as bactérias protetoras (Lactobacilus acidophilus) são substituídas pela Gardnerella vaginalis e outras bactérias, provocando um corrimento de odor fétido (peixe podre) que, percebido durante as relações sexuais, é motivo de grande constrangimento para a mulher.
Outras causas de corrimento vaginal anormal merecem ser citadas aqui, incluindo outras doenças sexualmente transmissíveis e infecções do colo uterino (cervicites). Alguns hábitos ditos “higiênicos”, como o uso de desodorantes íntimos, de “protetores de calcinhas” perfumados, duchas vaginais em excesso e a permanência prolongada de absorventes internos na vagina também podem contribuir - como fatores causais ou precipitantes - para cronicidade do corrimento vaginal.
A Ginecologia, na atualidade, dispõe de inúmeros recursos para o diagnóstico correto e para o tratamento eficaz das vaginites; sendo desaconselhável a adoção de “remedinhos caseiros”.
Sob o aspecto preventivo, alguns hábitos simples, como fazer a higiene (externa) diariamente com sabonete neutro, usar calcinhas de algodão (evitando as de tecido sintético) e, é claro, usar a “camisinha” nas relações sexuais, poderão evitar que esse desconforto comprometa a Saúde da Mulher.
Serviço:
Dr. Carlos Antônio da Costa
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