DR. RUI PEIXOTO
Médico Cardiologista
Na década de 80, trabalhamos com morte súbita. Trinta pacientes que morreram subitamente foram investigados sobre as suas últimas 24 horas de vida. Entrevistamos todas as pessoas que diretamente vivenciaram os últimos momentos. Imensos prontuários médicos mostraram que todos queriam referenciar os mortos com amor e também com ódio. A conclusão do trabalho não acrescentou nenhuma novidade sobre o assunto, 70% dos doentes estavam sintomáticos nas últimas 24 horas e 80% tinham cardiopatia grave prévia, 80% negligenciaram a gravidade dos sintomas, 90% não acreditavam que iam morrer cedo. 100% dos entrevistados tinham medo da morte.
Quem mais além do médico pode sustentar a esperança de vida?
Quando assumíamos os plantões no Hospital Beneficência Portuguesa, dizíamos em voz alta – hoje não morre ninguém. A nossa vida-média, como plantonista, se esgotou aos 45 anos de idade. A máxima já era dizer em nossos plantões que todos teriam uma morte digna. Quando nos retiramos, médicos e equipes multidisciplinares assumiram os pacientes terminais e a morte passou a ser abordada de maneira distinta, não sendo mais o médico o único a dar sustentação da esperança.
Nietzsche foi firme e claro:
Cada pessoa é dona de sua morte.
E cada uma deveria encará-la conforme lhe aprouvesse. Talvez, apenas talvez, tenhamos algum direito de tirar a vida de um ser humano. Mas não temos nenhum direito de lhe tomar a morte. Saramago em duas ocasiões: Evangelho segundo Jesus Cristo, na ressurreição de Lázaro, as lágrimas inconsoláveis de Maria, que por sujeitar o irmão a uma segunda morte ia ter que viver com o remorso. E nas Intermitências da Morte,
…a Morte voltou, para a cama, abraçou-se ao homem e sem compreender o que lhe estava suceder ela que nunca dormia, sentiu o sono lhe fazer descer suavemente as pálpebras. No dia seguinte, ninguém morreu.
O médico, como ser humano, também é passível de negar aspectos de sua realidade e de seus pacientes. Ele está sujeito a reações que se originam de acontecimentos de sua própria vida. Sobrevive pela maturidade emocional e continua sendo o fiel companheiro no enfrentamento com a morte. Nem sempre, sem medo.
Dr. Rui Peixoto
Rua dos Andradas, 1781 Sala 902
Centro
Porto Alegre – RS
Tel/Fax: 51 32273762
Médico Cardiologista
Na década de 80, trabalhamos com morte súbita. Trinta pacientes que morreram subitamente foram investigados sobre as suas últimas 24 horas de vida. Entrevistamos todas as pessoas que diretamente vivenciaram os últimos momentos. Imensos prontuários médicos mostraram que todos queriam referenciar os mortos com amor e também com ódio. A conclusão do trabalho não acrescentou nenhuma novidade sobre o assunto, 70% dos doentes estavam sintomáticos nas últimas 24 horas e 80% tinham cardiopatia grave prévia, 80% negligenciaram a gravidade dos sintomas, 90% não acreditavam que iam morrer cedo. 100% dos entrevistados tinham medo da morte.
Quem mais além do médico pode sustentar a esperança de vida?
Quando assumíamos os plantões no Hospital Beneficência Portuguesa, dizíamos em voz alta – hoje não morre ninguém. A nossa vida-média, como plantonista, se esgotou aos 45 anos de idade. A máxima já era dizer em nossos plantões que todos teriam uma morte digna. Quando nos retiramos, médicos e equipes multidisciplinares assumiram os pacientes terminais e a morte passou a ser abordada de maneira distinta, não sendo mais o médico o único a dar sustentação da esperança.
Nietzsche foi firme e claro:
Cada pessoa é dona de sua morte.
E cada uma deveria encará-la conforme lhe aprouvesse. Talvez, apenas talvez, tenhamos algum direito de tirar a vida de um ser humano. Mas não temos nenhum direito de lhe tomar a morte. Saramago em duas ocasiões: Evangelho segundo Jesus Cristo, na ressurreição de Lázaro, as lágrimas inconsoláveis de Maria, que por sujeitar o irmão a uma segunda morte ia ter que viver com o remorso. E nas Intermitências da Morte,
…a Morte voltou, para a cama, abraçou-se ao homem e sem compreender o que lhe estava suceder ela que nunca dormia, sentiu o sono lhe fazer descer suavemente as pálpebras. No dia seguinte, ninguém morreu.
O médico, como ser humano, também é passível de negar aspectos de sua realidade e de seus pacientes. Ele está sujeito a reações que se originam de acontecimentos de sua própria vida. Sobrevive pela maturidade emocional e continua sendo o fiel companheiro no enfrentamento com a morte. Nem sempre, sem medo.
Dr. Rui Peixoto
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