Veja o relato de quem ja teve Linfoma Não-Hodgkin


do UNIVERSO FEMININO


RELATO DE UMA PESSOA QUE SOFREU O MESMO TIPO DE CANCER DO ATOR.


JVG, masculino, 62 anos, auxiliar de enfermagem aposentado, natural e procedente de São José-SC, procurou o serviço de urgência oftalmológica do Hospital Regional de São José em abril de 2002. Queixava-se de ardência ocular, sensação de olhos e boca secos, além de dores musculares. Apresentava tumoração nas pálpebras superiores com quatro meses de evolução. Negava dores ou aumento de volume de articulações, perda de apetite ou de peso, lesões cutâneas ou sintomas respiratórios. Não tinha antecedentes familiares de tuberculose, doenças do colágeno ou doenças linfoproliferativas.


Apresentava na ocasião o seguinte exame: acuidade visual (AV) com correção de 20/30 em ambos os olhos (AO); à biomicroscopia apresentava catarata nuclear/subcapsular posterior de +/4 em AO; pressão intra-ocular e fundo de olho normais.


Ao exame externo foi encontrado aumento de volume difuso na topografia das glândulas lacrimais e das parótidas; nas regiões submandibular e sublingual e, inclusive, no palato. Tais massas apresentavam consistência fibro-elástica, eram pouco dolorosas à palpação e não demonstravam sinais flogísticos. As tumorações palpebrais estavam com uma dimensão aproximada de 3,5x3,5 cm. A motilidade ocular extrínseca se encontrava prejudicada pela presença de tais massas. O teste de Schirmer com e sem estímulo foi de 13 e 10 mm, respectivamente, e o tempo de ruptura do filme lacrimal foi de aproximadamente 8 segundos em AO. À coloração com rosa bengala, o paciente apresentou ceratite puntacta de ++/4 na metade inferior da córnea em AO e a conjuntiva se encontrava preservada.





A tomografia computadorizada (TC) axial demonstrou um aumento de volume, simétrico, de ambas as glândulas lacrimais, com limites definidos e valor de atenuação misto, apresentando em sua região central atenuação reduzida e borda com atenuação mais elevada, impregnando-se levemente pelo contraste. O laudo radiológico sugeriu diagnóstico de dacrioadenite crônica de causa a esclarecer. A radiografia de tórax, bem como hemograma e coagulograma estavam normais.





Outros exames laboratoriais apresentaram os seguintes resultados: VHS 22 mm 1ª hora; proteína C-reativa 6; glicemia 97 mg/dL; TSH 154; fator reumatóide inferior a 15; fator anti-nuclear negativo; anticorpos anti-Ro e anti-La (marcadores síndrome de Sjögren) negativos; VDRL e FTA-ABS não reagentes; PPD negativo; função hepática e renal normais. Foi, então, realizada biópsia incisional de glândulas salivares acessórias e de palato duro as quais demonstraram infiltração linfocítica difusa. Com base nestes achados, chegou-se ao diagnóstico mais provável de doença de Mikulicz (lesão linfoepitelial benigna), cujo tratamento consistiu de azatioprina, metotrexate e prednisona.


Em abril de 2004 apresentava oclusão dos eixos visuais pelas massas palpebrais, com cerca de 6 cm de diâmetro, e acuidade visual de conta dedos junto ao rosto (CDJR) em OD e de conta dedos a 2 m (CD 2 m) em OE. Foi constatada perda ponderal de 20 kg, relacionada à disfagia decorrente das massas na cavidade oral.





Avaliações histopatológica e imuno-histoquímica de biópsias palpebral e da medula óssea revelou tratar-se de linfoma não-Hodgkin de células B, segundo a Classificação da Organização Mundial de Saúde. O estadiamento clínico foi determinado como de grau IV, com comprometimento predominantemente extra-nodal, da medula óssea, dos anexos oculares e da mucosa oral. Nesta época, o hemograma apresentava anemia e linfocitose.





Imunofenotipicamente a amostra da medula óssea revelou: CD5+, CD20+ CD23-, CD10-, antígeno leucocitário comum + e ciclina D1+. Este fenótipo indicou Linfoma não-Hodgkin de células B da zona do manto.


Quimioterapia com ciclofosfamida, vincristina e prednisona foi iniciada em junho de 2004, proporcionando, em uma semana, redução de cerca de 30% das massas na face e na região submandibular. Após a confirmação diagnóstica de linfoma não-Hodgkin de células B da zona do manto, realizou 4 ciclos de Hyper-CVAD [ciclofosfamida, vincristina, doxorrubicina (Adriamycin®) e dexametasona], evoluindo com ganho de peso, sem visceromegalias e com redução completa das massas na face e cavidade oral.


Em novembro de 2004 realizou transplante de medula óssea (transplante autogênico de células tronco hematopoéticas), apresentando-se com melhora significativa do quadro.


Na avaliação oftalmológica, em fevereiro de 2005, as massas palpebrais, maxilares e orais haviam regredido completamente. A acuidade visual de CDJR em OD e de CD2m em OE era justificada pela presença de catarata total (OD) e nuclear e subcapsular posterior 3+/4+ (OE). A motilidade ocular extrínseca em AO e o mapeamento de retina em OE não revelaram alterações.



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