A Saúde Oral dos nossos Filhos

do Universo Feminino



com: Paula Nogueira


Por volta dos 3 anos de idade, a maioria das crianças tem todos os seus dentes primários ou “de leite”, no total de vinte. Também se sabe que o maxilar cresce sempre, e depressa, e que estes dentes vão ser substituídos por outros maiores e definitivos. Ao longo do tempo as raízes dos dentes “de leite” vão sendo reabsorvidas à medida que o dente definitivo, que se encontra por baixo, vai evoluindo. Quando a reabsorção é total o dente primário cai dando lugar ao definitivo. Os últimos dentes primários caem por volta dos 12 anos de idade. Embora os dentes primários sejam temporários e para substituir, deverão ser sempre bem cuidados e escovados regularmente. Eles são importantes para uma mastigação correta dos alimentos, para o aparecimento e desenvolvimento dos dentes definitivos, as suas raízes guiam os dentes permanentes para a sua posição correta.

Se os pais não tiverem os cuidados necessários com os primeiros dentes, e não introduzir desde cedo bons hábitos de higiene oral nas crianças, poderão estar a comprometer a sua dentição definitiva para toda a vida. Por volta dos seis anos, já alguns dentes definitivos fizeram a sua erupção na boca. O “molar dos seis anos” é um dente novo. Não substitui nenhum outro dente, e nasce atrás de todos os dentes “de leite”. Infelizmente, nem sempre se percebe que é um dente definitivo e, visto estar bem atrás na boca, é por vezes negligenciado, permitindo que se estrague com facilidade. Com a idade de 13 anos, vinte e oito dentes definitivos terão nascido. Os últimos quatro molares, mais conhecidos como “dentes do siso”, aparecem normalmente por volta dos 19 anos, em diante. Desta forma teremos a dentição definitiva completa com 32 dentes.

Cárie Dentária e Doença Periodontal na Infância. Há dois tipos de doenças orais. A Cárie Dentária (dente estragado) e a Doença Periodontal (doença que afecta a gengiva, osso e tecidos à volta do dente). Estas duas doenças têm a mesma causa: a placa bacteriana.

O que é a placa bacteriana?



É uma massa densa e pegajosa constituída na sua maioria, por bactérias, restos alimentares e componentes da saliva. É praticamente invisível e se forma sobre os dentes de forma contínua, em particular à volta da margem da gengiva e entre os dentes. A cárie dentária é provavelmente, a doença oral mais frequente, que atinge a população em todas as idades, particularmente nas crianças e adolescentes. É uma doença infecto-contagiosa que aparece depois da erupção dos dentes, e começa por um amolecimento superficial do esmalte dentário, evoluindo para a formação de uma cavidade, podendo levar numa última fase, à destruição total de todo o dente, e consequentemente à sua perda. A cárie surge pela transformação do açúcar resultante dos restos alimentares que se ingerem, em ácido pelas bactérias da placa bacteriana, que depois em contato com esmalte dentário (parte branca do dente, visível) o desmineraliza (amolece), dando início ao processo de destruição do dente. A educação alimentar é uma das primeiras medidas a tomar na prevenção de cáries, por esta ser uma das doenças mais frequentes nas crianças. As gomas, os chocolates e os bolos devem ser comidos às refeições para se escovarem os dentes em seguida. Enquanto as crianças não tiverem idade para escovar os dentes sozinhas, devem ser os pais a fazê-lo. Isto deve acontecer mesmo enquanto apenas se alimentam com leite - é preciso não esquecer que contém açúcares, e que a única maneira de remover a placa bacteriana é através da escovagem.

O esmalte dentário, depois de atingido pelos ácidos da placa bacteriana, mesmo que seja com uma pequena cárie, já não se renova. Depois de iniciada a cárie, ela quase sempre evolui, através de um processo lento de desmineralização do tecido dentário, podendo levar à destruição completa.

Além da cárie dentária, a placa bacteriana pode ainda provocar infecções orais como as gengivites, periodontites (doença gengival mais avançada), abcessos (causa elevada de absentismo às aulas), entre outras. A gengivite é uma doença muito comum, que ataca jovens e adolescentes e é uma das causas frequentes de mau hálito. Estudos epidemiológicos demonstraram que a gengivite atinge mais de 80% das crianças e adolescentes.

Se a placa bacteriana não for removida por uma correcta higiene oral, as bactérias irritam a gengiva, tornando vermelha, aumentada de volume e sangrando facilmente, sobretudo quando se escova. A gengivite não é uma doença dolorosa na sua fase inicial, por isso muitas vezes é ignorada, e pode progredir para situações mais invasivas, tornando-se incómoda e levando à dor. Se estes sintomas aparecerem, não se deve deixar de cumprir as regras de higiene oral. Ainda, não sendo removida, a placa bacteriana combina com produtos químicos da saliva e surge a sua calcificação, dando origem ao tártaro ou “pedra”, que permite mais agregação de bactérias, potenciando o aumento de inflamação gengival. Por isso, recomenda-se, que, para além de uma higiene oral eficaz, assim como uma alimentação adequada e sem excessos de açúcar, os pais estejam atentos a qualquer alteração na boca dos seus filhos.

Prevenção:

Todos sabemos que a prevenção é fundamental. Por isso é importante recordar que:

- Os pais devem, desde o nascimento do primeiro dente, limpar a boca do bebê com uma gaze molhada, após as refeições, para eliminar as bactérias que se acumulam nas gengivas.

- No primeiro ano, os pais devem lavar os dentes das crianças com uma escova própria para crianças. Logo que a criança saiba cuspir, podem usar pasta especifica, na quantidade do dedo mindinho da criança.

- Os pais devem sempre promover uma dieta adequada à criança, que limite a ingestão de açúcares e que seja rica em cálcio.

- A partir dos 3 anos de idade, a criança deve consultar anualmente um dentista para que haja despiste de qualquer situação da cavidade oral.

A importância da imitação

Para incentivar a prática correta da escovagem dos dentes, os pais devem tornar esta tarefa divertida. Como todas as crianças gostam de imitar os adultos, os pais podem aproveitar essa tendência para ensinar às crianças, especialmente as mais pequeninas, como devem escovar os dentes. Desta forma a criança sente “crescida” quando os pais a convidam para fazer tarefas dos adultos, como levantar a mesa das refeições assim como escovar os dentes em conjunto. Com esta medida, além de ensinarem à criança as técnicas de escovagem, os pais podem vigiar as "avarias", como comer a pasta (prática corrente pelo sabor atrativo da pasta, mas que pode ter repercussões negativas por ingestão em excesso do flúor que ele contém). É preciso não esquecer que os hábitos de higiene interiorizados em criança, ficam geralmente para toda a vida.

A idade da negação

As crianças pequenas que são habituadas à escovagem dos dentes, fazem como um ritual. Em casa, antes de se deitarem, a sua higiene é o início da rotina do sono. Na escola, é quase prática comum que as crianças, após a refeição, escovar os dentes. Quando crescem e vão para a escola já não têm quem as vigie e esquecem muitas vezes da escova de dentes. Esta é uma fase de transição e estes esquecimentos contínuos das crianças precisam da atenção dos pais para as obrigar a, pelo menos de manhã e ao deitar, lavar os dentes. Muitas crianças, são capazes de dizer aos pais que já lavaram os dentes, sem sequer terem tocado com a escova. Esta é apenas uma fase do crescimento e por isso é importante voltar a “conquistar” as crianças para a prática da escovagem dos dentes e assegurar que a higiene oral é realizada.

Outros cuidados

Existem muitas crianças com o hábito de ranger os dentes. Este comportamento, inicialmente voluntário, pode transformar num gesto involuntário e a criança fazê-lo enquanto dorme. Ranger os dentes, conhecido como bruxismo, é uma patologia que pode surgir em qualquer faixa etária. Geralmente se associa ao estresse. O bruxismo afeta inicialmente o esmalte dentário, por levar a um desgaste anormal dos dentes, muito especialmente nos dentes anteriores. A força e a tensão exercida entre os maxilares, pode ainda provocar outros sintomas, como por exemplo, dores de cabeça. Se os pais verificarem que a criança sofre desta patologia, devem consultar um Cirurgião Dentista para despiste e correto acompanhamento por especialista.

Qual sua opinião, Dúvida? Nossa equipe quer ver você comentando e participando. Conversion Conversion Emoticon Emoticon