Doença Arterial Periférica

Paula Nogueira



A doença Arterial Periférica se caracteriza por uma diminuição do fluxo sanguíneo nos membros superiores e inferiores (especialmente nestes últimos) devido a obstruções existentes nas artérias.

Estas obstruções – e consequente diminuição do fluxo sanguíneo – se devem ao acumular de placas de colesterol e gordura, causando um estreitamento gradual das artérias e dificultando a passagem do sangue leve e a chegada de oxigênio necessário aos músculos.

As alterações resultantes da falta de oxigenação dos tecidos constitui o conjunto de sintomas que se designam por isquemia. É necessário ter em conta que a doença arterial periférica é reconhecida como um importante marcador de risco cardiovascular global, não constituindo apenas risco para os membros inferiores (a maior parte dos doentes com Doença Arterial Periférica não morre com uma complicação vascular nos membros inferiores, mas sim com um enfarte agudo do miocárdio ou um AVC).

Fatores de risco

Os principais fatores de risco são a tensão arterial elevada, alimentação imprópria (o excesso de sal, gorduras e açúcar), sedentarismo, excesso de peso, hábitos tabagistas e a diabetes – tendo um maior destaque no aparecimento desta doença os dois últimos fatores.

Grande parte das pessoas que sofre de doença arterial periférica tem aterosclerose – uma doença degenerativa arterial crônica, que se caracteriza pela formação de placas (ateromas) nas paredes dos vasos sanguíneos, compostas principalmente por lipídos e tecido fibroso.

A Doença Arterial Periférica atinge 3 a 10% da população com mais de 50 anos, sendo que, na presença dos factores de risco como a diabetes e o tabagismo e nos maiores de 70 anos, esta pode ser muito superior.

Sintomas

Devido à obstrução das artérias, um dos principais sintomas que pode ocorrer nos indivíduos com doença arterial periférica é uma sensação dolorosa nas pernas aquando da prática de atividade física ou ao caminhar. Esta dor (claudicação intermitente) é aliviada com o repouso, mas, à medida que a doença evolui, pode manifestar mesmo nestes períodos de repouso.

Outros sinais típicos são a falta de pulso detectável abaixo de um certo ponto na perna, pele seca e descamativa nos membros inferiores, temperatura fria dos pés e a falta de sensibilidade nos mesmos e o crescimento defeituoso das unhas e a rarefação dos pêlos.

Diagnóstico

A forma mais simples de diagnóstico da doença arterial periférica é a análise do fluxo sanguíneo através da comparação entre a pressão arterial do braço e a do tornozelo (índice tornozelo-braço), que em indivíduos sem doença arterial deverá ser de 1.0.

A diminuição de 0,1 no valor deste índice representa um aumento de 10% do risco. Este diagnóstico é também possível através de um ecodoppler vascular, onde são utilizados ultra-sons de forma a examinar o fluxo sanguíneo nos vasos e localizar os seus níveis de obstrução.

Pode ainda ser realizada uma angiografia – que consiste na injeção de uma solução opaca aos raios X, na artéria, e que permite verificar (através da radiografia) a velocidade do fluxo sanguíneo e o diâmetro da artéria obstruída.

O diagnóstico tardio da doença pode conduzir a algumas consequências graves como o enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e amputação dos membros inferiores.

Tratamento

O exercício físico é fundamental para melhorar a função muscular e, desta forma, aumentar o calibre dos vasos sanguíneos. Assim, aquando do diagnóstico da Doença Arterial Periférica, devem fazer caminhadas diárias por um período de cerca de 30 a 60 minutos em terreno plano.

É fundamental a correção dos fatores de risco deixar de fumar. A supressão do consumo de tabaco é fundamental para o sucesso prolongado do tratamento.

A administração de remédios de farmáci que provoquem um aumento da distribuição de oxigénio aos músculos é também um fator importante no tratamento desta doença. Em alguns casos, poderá ser necessário proceder a uma angioplastia para desobstrução da artéria.

Se trata de uma pequena intervenção cirúrgica onde se coloca um cateter com um diminuto balão insuflável na extremidade que, ao ser expandido, força a abertura da artéria obstruída restaurando assim o fluxo sanguíneo.

Quando a angioplastia não pode ser realizada (se forem vários os segmentos afectados pelo estreitamento e de uma dimensão considerável ao longo de toda a artéria), é forçosa a realização de uma cirurgia mais complexa.

Através desta cirurgia pode remover-se o trombo que obstruí a artéria – endarterectomia - ou optar por duas outras soluções: o bypass – colocação de um excerto artificial ou de uma veia de outra parte do corpo que estabeleça a ligação entre segmentos arteriais normais derivando a circulação arterial ao lado do segmento de artéria que está ocluído. Ou a remoção da parte obstruída e a subsequente substituição por um enxerto sintético ou biológico.

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