Doenças de Inverno

Renata Machado



As doenças de inverno que mais atingem.



Mais propício à sobrevivência e propagação dos vírus através do ar, o tempo frio é favorável ao aparecimento de algumas doenças, cenário que este ano se espera agravado pela gripe pandémica (H1N1) 2009, inicialmente apelidada gripe A.

Além de uma alimentação saudável e da prática de exercício físico (os melhores aliados do sistema imunitário), estar informada sobre a origem, os sintomas, o diagnóstico e o tratamento de cada patologia pode ser o primeiro passo para se defender dos microrganismos responsáveis.

Gripe Sazional

Origem Vírus que ataca o sistema respiratório e se transmite de pessoa para pessoa através de gotículas libertadas quando se fala, espirra ou tosse, ou do contato com superfícies ou objetos contaminados.

Grupo de risco Um sistema imunitário frágil torna o organismo vulnerável a doenças, o que explica, no entender do infecciologista José Neves, que sejam ''Os idosos, as crianças, os doentes crônicos e as grávidas os mais afetados pela gripe''., afirma.

Sintomas Febre, dores de cabeça e de garganta, tosse seca, calafrios, ardor nos olhos, espirros e congestão nasal, além do cansaço e dores musculares.

Diagnóstico e tratamento ''Neste momento, a vacina contra a gripe sazonal é a melhor forma de prevenção. Na maioria dos casos, o tratamento é meramente sintomático sem recurso aos antivirais'', indica.

Gripe Pandémica H1N1

Origem À semelhança da gripe sazonal, a nova estirpe de vírus, que combina genes das variantes humana, aviária e suína, afeta as vias respiratórias e propaga-se através de gotículas libertadas quando se fala, espirra ou tosse ou do contacto com superfícies ou objetos contaminados.

Grupo de risco ''Enquanto na gripe sazonal as pessoas idosas e debilitadas são as mais infectadas, na gripe pandémica (H1N1) 2009, o grupo com maior taxa de infecção é o dos jovens.'', afirma.

Sintomas Com uma sintomatologia semelhante à gripe sazonal, do ponto de vista clínico é, como refere José Neves, ''Impossível distinguir a gripe A da sazonal, o que obriga a confirmação laboratorial. A única diferença é que, em cerca de dez a 15 por cento dos casos, há mais sintomas digestivos, nomeadamente náuseas, vómitos e/ou diarreia''., afirma.

Diagnóstico e tratamento A primeira fase de vacinação já se iniciou para os grupos de risco, onde se incluem as grávidas nos segundo e terceiro trimestre de gestação, com patologia associada.

«O tratamento é possível com antivirais, nomeadamente o oseltamivir», aponta.

CONSTIPAÇÃO


Origem É provocada por vários vírus que causam uma infecção ligeira do tracto respiratório superior, distinta da gripe. ''Os microrganismos responsáveis propagam-se facilmente através das gotículas de saliva ou expectoração, libertadas pelo doente ao respirar, espirrar ou tossir. As mãos são um dos principais meios de propagação'', refere o infecciologista.

Grupo de risco Qualquer pessoa.

''Sintomas Sem o quadro sintomático da gripe, a constipação afeta o nariz, a garganta, os seios perinasais e os brônquios'', diz José Neves. Esta situação viral ''Dá um quadro que não implica as repercussões sistémicas da gripe, nem a febre, as cefaleias ou as mialgias'', acrescenta.

Diagnóstico e tratamento Como esclarece o médico, ''O diagnóstico é clínico. É uma doença benigna, por isso, não se recorre aos antivirais. Apenas se deve reforçar a hidratação e tomar um antipirético e descongestionante nasal ou anti-histamínico (para a obstrução nasal e rinorreia)''., afirma.

SINUSITE


Origem Infecção dos seios perinasais que pode ter causa viral, bacteriana ou alérgica.

Grupo de risco ''Além das pessoas com tendência para alergias, pode aparecer em situações de infecção viral ou bacteriana dos seios perinasais'', explica o especialista.

Sintomas Nos casos mais graves, a sinusite provoca dor na região dos seios da face, obstrução nasal, secreção purulenta e febre. Na sinusite crônica, a drenagem do muco é deficitária e a mucosa fica espessa e fibrosa.

Diagnóstico e tratamento Para avaliar o problema podem ser feitos exames radiológicos ou exames vídeo-endoscópicos. ''A terapêutica inicial é, na maioria das vezes, sintomática. Quando o mal-estar geral e a febre se mantêm, prescrevem-se antibióticos. Muitas vezes, a resposta é lenta e o tratamento varia entre cinco a sete dias'', refere.

OTITE


Origem É um problema ''Viral, mas, muitas vezes, tem origem bacteriana. Uma otite complica o quadro de uma constipação ou de uma infecção viral prévia em que há, principalmente nas crianças, alteração da permeabilidade da trompa de Eustáquio, que estabelece a ligação do nariz ao ouvido. A infecção acumula líquido no ouvido e pode dar origem à otite'', explica.

Sintomas Dor intensa, diminuição da audição, febre, irritabilidade, desconforto, perda de apetite e secreção no ouvido se houver perfuração do mesmo.

As crianças pequenas podem ter vômitos e diarreia.

Diagnóstico e tratamento Após o diagnóstico clínico, prescrevem-se antibióticos e analgésicos.

BRONQUITE


Origem Causada por vírus numa fase inicial, ''A bronquite é uma inflamação da membrana mucosa dos brônquios que também pode resultar da descompensação em pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica''., afirma o especialista.

Grupo de risco Fumantes, pessoas expostas, durante muito tempo, a ambientes ou substâncias poluentes e doentes pulmonares crônicos.

Sintomas «Tosse, falta de ar, expectoração, sibilância, cianose, febre e inchaço nas extremidades do corpo devido a um pior desempenho cardíaco. Se a bronquite crónica estiver associada a uma infecção respiratória, gera cansaço, perda de apetite e catarro mucóide», enumera.

Diagnóstico e tratamento Embora o diagnóstico incida nos sintomas e no aspecto da expectoração, se estes persistirem ''Poderá se realizar uma radiografia do tórax para averiguar se a doença se agravou para pneumonia'', diz o médico. ''A terapêutica pode ser só sintomática ou, consoante a gravidade da bronquite, incluir a toma de antibióticos e broncodilatadores'' afirma.

PNEUMONIA


Origem Complicação infecciosa que provoca ''inflamação dos septos alveolares''.

Grupo de risco ''Depende do tipo pneumonia. No entanto, apenas acontece quando há uma diminuição das defesas do organismo. Uma das complicações da gripe são as pneumonias pós-gripe'', aponta o especialista.

Sintomas A pneumonia bacteriana pode ser 'típica' ou 'atípica'. ''A primeira se carateriza por febre elevada, pontada torácica, tosse com expectoração purulenta e falta de ar. A segunda provoca febres, mialgias e
mal-estar geral, com queixas respiratórias pouco predominantes. Não há dor pleurítica típica da pneumonia bacteriana aguda'', esclarece.

Diagnóstico e tratamento Como defende o médico, a abordagem depende da gravidade ''Normalmente, implica terapêutica antibiótica em média sete a dez dias. A pneumonia adquirida na comunidade muitas vezes requer internamento hospitalar e uma associação de antibióticos para cobrir os agentes etiológicos'', refere.

MENINGITE


Origem Há meningites virais, bacterianas e fúngicas que provocam a inflamação das meninges e que podem ser fatais quando não são tratadas a tempo.

Grupo de risco A par de quem tem o sistema imunitário deficitário, as crianças são o principal grupo de risco. No entanto, revela o especialista, ''A vacinação tem diminuído muito o número de pessoas afetadas''.

Sintomas ''Febre, dor de cabeça, vómitos, rigidez da nuca, não conseguindo fletir o pescoço e alteração do estado de consciência'', indica.

Diagnóstico e tratamento Para avaliar de que tipo de meningite se trata, é feita uma punção lombar. ''É um exame realizado para colheita de líquido cefalorraquidiano que é analisado em laboratório para determinar a presença de microrganismos. As meningites são tratadas na sua maioria em meio hospitalar'', explica.

Agradecimentos:
José Neves, médico infecciologista

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