Segundo pesquisa do IBGE, Mulheres estão casando mais tarde

Renata Machado

Se os homens festejam que sobram mulheres no mercado, o público feminino parece não andar tão satisfeito. Uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que as mulheres estão casando cada vez mais tarde e tomando a frente das separações. A explicação para as mudanças do comportamento feminino está na própria sociedade. As relações mudaram e a posição da mulher no mundo também. Hoje ela desempenha vários papéis, pensa em si mesma e busca realizar aquilo que a deixa feliz.

A uma década atrás elas trocavam alianças com idade média de 23 anos. Hoje, contraem núpcias aos 26 e os homens com idade média de 28. As mulheres também lideram os pedidos de separações judiciais não consensual (aquela em que o companheiro não está de acordo). No ano passado, 71,7% dos requerimentos partiram de esposas não satisfeitas com o matrimônio. O número total de dissoluções de casamentos chegou a 290.963, somando as 102.873 separações e os 188.090 divórcios. Os dados são resultados das estatísticas dos cartórios de registro civil de todo o Brasil.

Segundo a pesquisa, as gaúchas, ao lado das catarinenses, são as brasileiras que mais procuraram a Justiça para conseguir se separar. No Rio Grande do Sul os números apontam 75,5% e em Santa Catarina, 75,7%. No outro lado da balança, está na Paraíba o maior número de requerentes homens para separações não consensuais, 41,4%.

No entanto, a taxa de separações em nível nacional se manteve estável em relação a 2004, permanecendo em 0,8%. Já a de divórcios chegou a 1,5%, a maior do período analisado. No Estado, este índice é de 1,1%.

Á Espera

A bióloga Francine Eliseu é um dos casos que ilustram essa mudança no comportamento feminino quanto ao casamento. Aos 27 anos, ano passado ela casou-se com Leandro Colonelli, então com 24. "Estava esperando me formar, não queria casar antes porque depois de casada queria ter tempo para formar uma família. Se fosse enquanto ainda estudava, à noite e trabalhando de dia, a gente nem iria se ver", conta ela.

No caso da professora Fabiane Henrique Santos, 26, a espera era pela casa própria. "Há dois anos estávamos noivos. Foi quando decidimos construir nossa casa. Marcamos o casamento para quando ela estivesse pronta", conta Fabiane, que subiu ao altar em setembro com engenheiro mecânico Milton Lopes Gonçalves, 32. "Foi também uma questão de conveniência, como nos dois ainda estudamos, é mais prático morar junto."

Outras prioridades

A socióloga Maria Clara Ramos Nery, professora da Ulbra, explica que as mulheres passaram a colocar outras prioridades à frente da escolha pelo casamento e até por ter filhos. "Elas querem montar uma estrutura melhor para formar família", analisa. "E quanto mais baixas as condições de vida e renda, mais cedo as mulheres casam e têm filhos", observa. "Com a ida da mulher para o mercado de trabalho, ela adquiriu o direito de determinar sobre a sua própria vida. Antes a mulher de 30 anos ainda não casada era mal vista. Hoje temos outras referências, valores e interesses", acrescenta.

A psicóloga Claudethe Lilja lembra que décadas atrás as meninas eram educadas para logo se casar e formar família. "Hoje é educada para se formar e ter um emprego." Por isso a mulher adia o casamento para privilegiar sua formação.

Dicas para manter uma boa relação

Para quem está com a relação balançada e pensa em se separar, veja os conselhos dados pela psicóloga Patrícia Spingler.

- Um casamento é uma relação que exige investimentos afetivos. Atualmente as pessoas não têm se proposto a cultivá-lo.

- Seja tolerante, tenha respeito, compreensão e aceite as diferenças. É necessário exercitar essa virtudes.

- Promova o diálogo e auto-conhecimento, a fim de conhecer o parceiro (a).

- As pessoas acabam casando por diversos motivos e o fator afetivo, que é o gostar do outro como ele é, fica em segundo plano ou pouco relevante.

- Se dar bem exige esforço. Quando vira sofrimento não vale a pena permanecer na relação. Todo o esforço gera crescimentos e novas disposições de investimento afetivo. Por isso vale a pena não desistir ou descartar tão facilmente o outro.

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